Medo

Foto de: A.Arismendi


Todas as quartas, ela entra-me pela porta adentro quando vou fazer aquilo que mais gosto, mais perto dali do que acolá. É alguém que entrou na medonha idade. Surge sempre decidida e tem uma postura de poucas dúvidas… penso que me procura pelo meu lado consciencioso, calmo e ouvinte. Fá-lo para clarificar coisas, não interpreto como dúvidas. E esta foi a conversa da última semana:



A-que-entra-pela-porta-adentro: Boa tarde Jiminy, preciso de clarificar coisas consigo.
Moi-même: Sim, então chute!
A-que-entra-pela-porta-adentro: Qual é, para si, a diferença entre paixão e amor?!?!
Moi-même: Ora, pergunta pertinente e não tão fácil de responder quanto parece. Pessoalmente considero a paixão um estado “quase patológico” a pessoa perde a razão, a personalidade, só vê o outro, só pensa no outro, só deseja o outro e não vê mais nada! Quanto ao amor “Ahhhhhh Zamour” a coisa é um “cadinho” diferente. É quando a paixão passa, é quando se abre os olhos e se vê os defeitos do outro e como o outro realmente é… e o amor acontece quando descobrimos que conseguimos lidar com os defeitos do objecto da nossa paixão! Estar apaixonado ao mesmo tempo que o outro, por vezes é difícil de alcançar, é necessária sintonia. Em ambos é preciso que o outro permita que aconteça!
A-que-entra-pela-porta-adentro: Pois eu penso o mesmo e o que me rói a vida é que houve um alguém na minha vida a quem eu disse “não te preocupes tanto porque eu não te amo” contudo estava apaixonadíssima por esse alguém. È Fácil apaixonarmo-nos por esse alguém. Além de bonito por fora é bonito por dentro. Tem bons valores, é um bom homem. É doce, preocupado, presente, bem-disposto e correcto… o que o melhor o define é um homem correto!
Moi-même: E disse-lhe?
A-que-entra-pela-porta-adentro: Não, não lhe disse! Por medo do medo que ele tinha dos meus sentimentos, pelo medo que ele tinha de se apaixonar, pelo medo que ele tinha das perdas dele! Preferi não dizer!
Moi-même: Pessoalmente considero que esse seu medo e protecção desse alguém quanto aos medos dele a prejudicou, mas é amor! O amor traduz preocupação com o outro, protecção, estima e tantos outros sentimentos nobres que você descreve!
A-que-entra-pela-porta-adentro: Continuo a considerar que seja só paixão, mas sim! Esses sentimentos estão cá.
Moi-même: Porque não lhe diz??
A-que-entra-pela-porta-adentro: Acho que já não vou a tempo! Penso que para ele deixou de ser a melhor coisa do mundo estar comigo! Essa mensagem veio traduzida na ausência dele e no seu silêncio ensurdecedor! O silêncio dele disse-me tudo!
Moi-même: Mesmo no seu silêncio ele merecia saber o quanto é importante!
A-que-entra-pela-porta-adentro: Penso que na vida as coisas têm o seu tempo e talvez já tenha passado o tempo para tal!
Moi-même: Só saberá se o tempo passou quando lho disser! Que tal dizer-lhe? Caso não consiga dizer-lhe… escreva! Ele merece saber que é importante!
A-que-entra-pela-porta-adentro: Talvez lhe escreva!

E quando ela se foi só pensava… “O MEDO” a maior arma contra o amor e a paixão!! Deixamos de sentir por não dizer, deixamos de partilhar por não dizer, deixamos de dizer tanto... e tudo se perde por MEDO!

Comentários

Moyle disse…
Conversas muitos interessantes, sim senhor. a questão do medo faz lembrar alguns versos do "Tu Disseste", dos mão morta. não tudo, mas partes :)
Jiminy_Cricket disse…
Alô Majestade,

Gosto do poema dos mão morta, não gosto da musica... os versos deles fez-me lembrar E.E. Cummings! Amanhã coloco este poeta ;)

jus
Moyle disse…
eu gosto dos poemas e da música, que é bastante boa. mas gostos não se discutem :)

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